ANAPÓLIS: GOIÁS

 

Em Anápolis, um retrato do boom industrial da região

 

Em Anápolis, um retrato do boom industrial da região

"Comércio mundial. Veículos importados pela Caoa Hyundai chegam ao Brasil pelo porto seco de Anápolis, que também armazena e movimenta mercadorias destinadas à exportação"

     Sede de um porto seco em pleno cerrado, quilômetro zero de duas ferrovias, cortada por três BRs, e com alcance sobre 145 milhões dos 190 milhões de habitantes do País num raio de mil quilômetros, a cidade de Anápolis, em Goiás, vive o boom industrial do início do século. Sobram vagas em quase todas as 125 empresas do seu polo industrial e elas se ressentem da pouca mão de obra especializada.

Anápolis é o exemplo do que está ocorrendo no Centro-Oeste, em que o agronegócio se consolidou e o processo de industrialização começa a crescer em ritmo muito acelerado. No ano passado, o crescimento industrial de Goiás foi de 17,1%, atrás apenas do Espírito Santo, com 22,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ante 7,5% do Brasil, índice considerado excepcional. As taxas de Anápolis não foram medidas com precisão, mas as autoridades do município calculam que passou dos 25%. E que, nesse ritmo, até 2020 Goiás continuará crescendo a taxas chinesas.

A crise econômica que abalou o mundo todo entre 2008 e 2009 - o Brasil também, embora com menos intensidade - parece não ter sido sentida nesse município localizado bem no centro do Brasil, a 50 quilômetros ao norte de Goiânia e a 150 quilômetros ao sul de Brasília. Enquanto a crise apertava e todo mundo colocava o pé no freio, a Caoa Hyundai, cuja montadora fica em Anápolis, pisava no acelerador. Iniciou uma campanha de publicidade ultra-agressiva de seus veículos, que dura até hoje.

Enquanto exportadores reclamavam, a Caoa Hyundai aproveitava o dólar barato para fazer seus negócios - o que faz até hoje. Ela quer se tornar a quarta maior empresa de veículos no País até o fim do ano, ultrapassando a Ford. Hoje ocupa a sexta posição, atrás da Honda.

Com isso, o porto seco do Centro-Oeste, por onde chegam os veículos não nacionalizados da Hyundai - os montados no Brasil são o utilitário Tucson, o minicaminhão HR e o caminhão HD78 -, teve um crescimento que pode ser rotulado como estrondoso. Passou da movimentação de mercadorias de US$ 34,8 milhões em 2000 - quando foi inaugurado - para US$ 2,98 bilhões em 2010. Um crescimento de 8.463,21%.

Giro rápido. Mas não foi só a Hyundai que utilizou o porto do Centro-Oeste. Toda a linha de pequenas retroescavadeiras da Toyota chegam por lá, bem como os princípios ativos do Laboratório Roche. O diretor-superintendente do porto, Edson Tavares, também tem uma política agressiva de atuação. 'Enquanto outros portos gostam de deixar a mercadoria dormir, eu trabalho para fazê-la girar o mais rápido possível. Assim que a Receita, o Ministério da Agricultura e a Anvisa desembaraçam um produto, quero que ele siga para o destino o mais rápido possível. Fármacos não dormem por aqui', disse o chefe do porto seco, hoje o maior do interior do País.

Ele lembrou que em 1999, quando a Receita Federal fez a licitação do porto seco, tentar tocá-lo parecia coisa de aventureiro. Tanto é que a empresa dele, constituída por sócios goianos, foi a única a participar do leilão. 'A gente chegou a pensar que ia quebrar a cara', disse Edson Tavares.

A carga desembaraçada pelo porto seco, a exemplo dos veículos da Hyundai e da Subaru e dos produtos da Roche, chega nos portos e aeroportos e é embarcada com guias especiais até chegar ao destino, em Anápolis.

Lá, ela é legalizada nos postos da Receita e dos outros órgãos envolvidos no trabalho de desembaraçar as mercadorias importadas. 'A vantagem de usar o porto seco é que o custo cai pela metade', afirma Tavares.

Mais à frente, quando a Ferrovia Norte-Sul estiver com o ramal de Anápolis funcionando, ele pretende parar de levar suas mercadorias para os portos de Santos e Vitória. Vai utilizar os de Itaqui, em São Luís, Pecém, em Fortaleza, e Suape, em Recife. 'Por que vou levar uma mercadoria para o Sul, para um porto que cobra caro nesse negócio chamado de custo Brasil, e depois ter de fazer o caminho de volta para o Norte, para chegar à Europa e à Ásia?', provoca ele.

O governo de Goiás está construindo também um aeroporto ao lado do distrito agroindustrial, com uma pista principal de 4,5 mil metros, suficiente para receber gigantes cargueiros e até os A-380, o maior avião de passageiros do mundo.

Expansão

17,1%

foi o crescimento do Estado de Goiás em 2010, o 2º maior do País

US$ 34,8 milhões

era o movimento do porto seco de Anápolis em 2000

US$ 2,98 bilhões

foi o movimento no ano passado

 

 

 

Fonte: estadão.br.msn.com

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